
Em alguns momentos, sinto-me enlouquecendo...
Minha mente é açoitada por indagações várias:
- Pra que tanta ingenuidade e acreditar tanto em todos tantos?
- Doar-se, entregar-se, derreter-se tanto e morrer de tanto amar?
Tanto você sonhou, tentou tanto, construiu tantos castelos...
Tanto ralou, rebelou-se e remou contra quantas e tantas marés...
Relutou, lutou, caiu, levantou-se, recaiu, recomeçou sempre...
Privou-se de tantos prazeres, renunciou e se despojou de tantas coisas...
Priorizou o outro e os outros - sem pestanejar - dispôs-se a tantos e a todos ajudar...
Sofreu tanto, tanto chorou, adoeceu, quase sucumbiu, salvou-se e renasceu...
Puxa! Não aprendeu, mulher?
Continua se encharcando de angústia e tristeza por quem não a merece.
Chorando lágrimas de sangue, com o coração partido, despedaçado.
Mascarando sua amargura num sorriso que não é da alma.
Disfarçando sua insatisfação, mostrando-se forte, dizendo que está tudo bem.
Calando-se e engolindo o que você mais deseja vomitar.
Iludindo-se ainda em sonhos filmados, fotografados, documentados e comprovados!
Fez promessa, novena e ladainha; acendeu vela em prato branco e copo d’água.
Procurou até Pai de Santo, bebeu chá de rosa miúda, tomou banho de descarrego.
Rezou pra Santa Bárbara, São Jorge Guerreiro, Anjo da Guarda e Senhora do Desterro.
Deus meu! Onde estás, que não me respondes?
Não nasci pra ser santa, mártir, nem heroína!
Mas sou mulher, quero ser bem amada, preciso de um bem-querer...
Não aprendi, não desejo e nem posso sozinha viver.
(Silvânia Barros – 31/07/2007).