segunda-feira, 17 de março de 2008

COM (VIVER) - Crônica


Difícil hoje, a gente ter que conviver numa realidade, onde a transparência e a autenticidade não mais são tidas como “virtudes” ou mesmo um traço valoroso em nossa personalidade.
“Conviver é uma arte”... Expressão muito usada para definir como viver em sociedade.
Entretanto, a meu ver, a arte é expressão dos sentimentos que nos vêm da alma, não havendo outra forma de um artista criar uma obra, interpretar, pintar, esculpir ou atuar, senão, através da inspiração e emoção sentidas; portanto, verídicas!
As pessoas andam impacientes, muitas vezes impiedosas, o “ser” foi substituído pelo “ter”, o consumismo é exagerado, todos correm contra o tempo e até a arte foi banalizada, pois o que é bom não dá dinheiro.
Temos que sorrir sempre, viver “dançando conforme a música”, não podemos “mastigar problemas”, como dizem alguns que conheço (falar dos nossos problemas, mesmo que lutemos para a resolução deles), o respeito tornou-se algo raro, solidariedade... Nem se fala!
É óbvio que temos que acompanhar a evolução do mundo; entretanto, entendo que há valores que têm de ser preservados e não, simplesmente, serem considerados como se “saíssem de moda”. Absurdo!
Como é terrível você não poder confiar em ninguém, ter que “pisar em ovos”, sempre arranjando um jeito de agir ou dizer certas coisas, ficar sempre em alerta, se policiando, não poder ser você mesmo em muitas ocasiões ou lugares... Puxa, vida! Que mundo é esse?
Viver de aparências? Fingir que está tudo lindo e maravilhoso, quando, na verdade, está tudo errado?
É... As pessoas estão cada vez mais egoístas, interesseiras, falsas, desprovidas de nobres sentimentos e só nos apontam os defeitos, nunca enaltecendo o que temos de bom e louvável.
Evidentemente, ainda há exceções, como tudo na vida, não querendo me ater nesse lugar comum.
Ainda, quando somos realistas, consideram-nos dramáticos, amargos, derrotistas e pessimistas...
Há uma frase, a qual desconheço o autor, que diz: - “Não se explique e não se justifique”. E hoje, para poder conviver bem, estou adotando essa forma, mesmo que, muitas vezes, a minha vontade é de vomitar o que está borbulhando dentro de mim. Não é fácil; porém, tenho procurado exercitar isso, equilibrando-me, fazendo-me passar por surda, cega e muda!
Querendo ou não; aprovando ou não; estou entrando nessa dança, se preciso for.
Contudo, sinto-me extremamente bem e feliz dentre aqueles tantos que são sinceros, reais e verdadeiros, pois esses sim, merecem todo o meu respeito, admiração e carinho, sem que eu necessite representar nada, podendo falar tudo, chorar, rir, brincar, agir sem precauções, sem frescuras, sendo eu mesma!
Nem tudo está perdido; o importante é poder ter esperança, viver em paz e harmonia, lutando para que tenhamos um mundo melhor, onde as pessoas se unam e sintam que o amor, principalmente ao próximo, é e será sempre o lema e a essência do bem-viver e conviver!

(Silvânia Barros – 17 de Março/2008).

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